Gírias: o RG carioca

Eu, com essa mania de querer entender os sentidos subjacentes das palavras, fui buscar no “GuruGoogle” as definições do arquétipo “gíria”. Sim, classificar gíria como arquétipo está correto, se é um paradigma, um molde social. Se expressar através de gírias traduz o lugar de berço e a época de formação do caráter, “sacou”?  Ninguém esquece as primeiras gírias, pois são formas de pertencimento e superam o lugar de nascimento para atingir o lugar do desejo de existir, isso é que eu quero configurar com a aglutinação das palavras “lugar de berço”.

O fato é que nascemos pra buscar essa identidade, e até encontrá-la, usamos de tudo que nos soa bem: gírias, roupas, corte de cabelo, playlists, séries, livros, viagens, comida e quem sabe lá mais o quê… Tudo o que caracteriza uma escolha, absorve esta busca implícita. E é uma glória saborear cada achado, é uma glória ver no olho do outro, o entendimento, “mermão”! O caminho de se descobri é longo, as vezes, penoso. Há gente que nem sabe do que se trata (entenda isso como uma metáfora da literalidade desta sentença, e também cogitar que “metáfora” é uma das definições da palavra gíria), e vão morrer mantendo o padrão.

De toda forma, gíria é identidade. Aqui em Sampa, sou constantemente alvo de olhares curiosos. Não só as gírias, mas o sotaque, que falo “sutaque” do meu “purtuguês”. É inevitável e nem desejo evitar, se sou quem sou. E assim sigo. Faz parte da minha composição ralada, porém, bem estruturada em sua essência. Não se trata de bandeiras e rixas, é simplesmente ser. Somos todos signos, não é atoa que um mapa astral nos lê, as vezes melhor que nós mesmo, se nos vemos com olhos da ilusão. A beleza da originalidade se baseia em não temer quem somos e simplesmente existir em qualquer lugar que quisermos viver e ser feliz.